quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Sobre a verdade (e coerência religiosa)




Este post é dedicado apenas ao contexto religioso. Boa leitura!


No hebraico, verdade é emunah, o cumprimento do que foi pactuado, prometido, vaticinado. É a verdade segundo a Teologia, que se fundamenta na revelação. Neste contexto, não se discute a verdade, posto que foi objeto de revelação, partindo de ser superior. E aí, esta verdade não se objeta e não se discute, apenas se aceita.

Comecemos por este conceito de verdade, recorrente em nossa sociedade: “A voz do povo é a voz de Deus...”. Será mesmo? Vamos refletir.

“Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim...” João 14:6

Jesus é a Verdade! E esta verdade já foi anunciada e interpretada: Ele é a nossa salvação e vida. É N’ele que devemos colocar todas as nossas esperanças e mazelas. É nisso que acreditamos. Está aí a Verdade da nossa fé!

Penso que qualquer pensamento fora disso pode destoar da realidade em que acreditamos: criar interpretações “contextualizadas” ou sem responsabilidade pode fazer-nos cair na tentação de criar um outro evangelho, o nosso próprio, e nos distanciarmos de Deus, e ele tem Voz própria: o Evangelho!



Se é perigoso interpretarmos a Verdade da nossa forma, bastando um pequeno deslize para abalarmos a nossa fé, quem dirá se sairmos por aí irresponsavelmente gritando a nossa verdade aos outros: desastroso, não?

Pensemos em Jesus, que sabendo da sua missão entre nós e conhecendo claramente a vontade do Pai (ele mesmo!) tivesse aderido às modas e filosofias da época... a Boa Nova não mudou desde sempre.

A “verdade do rebanho” deve ser a verdade do pastor, e do Pastor! A Igreja é fiel guardiã desta verdade, e cabe a nós refletirmos para vivermos. O senso crítico é totalmente válido, a contextualização com os valores atuais também, desde que coerente e confrontado com o que, por vontade própria, decidimos um dia seguir.

A Verdade é libertadora!
Lucas Cavalcante - 19/12/2013

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Relacionamento X Objetivos Pessoais




Estamos em tempo em que os relacionamento duram cada vez menos: começam intensos, cheio de  interesse e em pouco tempo vão se acabando com a mesma rapidez e intensidade com que começaram...

Ouvi certo dia de uma pessoa próxima: “decidi que não vou mais sofrer por amor e que vou focar no crescimento pessoal...” Fiquei pensando: e não são a mesma coisa?

É a mesma coisa sim! E talvez nós não paremos para pensar que em nossa vida tudo faz parte do crescimento pessoal: ora, se eu arrumo um bom emprego e conquisto meu diploma nos estudos, é possível dividir estas conquistas entre pessoal, financeira ou profissional? Penso que tudo contribui para o meu crescimento pessoal.

E o crescimento espiritual? É possível dividi-lo e deixá-lo separado das outras coisas? Seria tolice...

Então, antes de qualquer coisa pensemos: Sou um todo, seja nos meus sucessos ou nos meus fracassos... E muitas vezes o que consideramos infortúnio pode nos servir para o crescimento tanto quanto os sucessos...

Voltemos aos relacionamentos: você gostaria de se relacionar com alguém que só pensa nos estudos? Ou que só tem olhos para você e sequer pensa na sua vida financeira e projetos para o futuro (casamento, filhos etc)? Como sempre, recomendo o equilíbrio.

Conhecemos pessoas que são exemplos de desempenho profissional, porém fracassam sempre em relacionamentos amorosos, conhecemos também o contrário: aqueles que sempre estão acompanhados mas que parecem “não querer nada com a vida”.

Hoje somos cobrados por tudo que fazemos e pelo que não fazemos, e a máxima “sorte no jogo, azar no amor” deve ser revista. Afinal, é plenamente possível o convívio harmônico de tudo isso.

Busquemos o amadurecimento em tudo!

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Radical? Onde?






Estamos em um mundo onde precisamos, a cada dia, tomar parte em escolhas. O que é bom ou ruim, o certo e o errado, bem ou mal, ser feliz ou não... E cada vez mais há rótulos que precisamos nos encaixar.

Na vida de igreja não é diferente: vivemos também em um meio social e como tal, na igreja acabamos refletindo nossos comportamentos. De forma alguma vejo isso como negativo até pelo fato que não enxergo com bons olhos os que são diferentes no trabalho, casa, escola, igreja etc. Deus nos quer como somos e estamos!

Dentre os rótulos, há os que se dizem radicais ou, usando palavras bonitas, “ortodoxos”, e que geralmente se valem do passado histórico para se colocarem muitas vezes como superiores aos outros.

Cuidado! Não vejo o passado da Igreja como algo que não deva ser usado de exemplo para o presente e tampouco como algo nocivo. Nocivo será se isso for ferramenta para qualquer forma de segregação entre nós. Explico: o fato de eu comungar de joelhos não me faz melhor do que os que não o fazem, se critico a forma ordinária da Santa Missa e exalto as outras fórmulas (que são tão belas quantos e estão TODAS a serviço dos cristãos) ou situações em que a minha experiência seja colocada como fato e eu não aceite argumentos . Talvez o mais prudente seja sempre buscar o equilíbrio, buscando a ascese naquilo que me é peculiar, naquilo em que eu me identifico. Tornar-se escravo do ritual e não olhar para o que há de mais belo e vivo é preocupante. A radicalidade nos configura a Jesus Cristo e nada mais deve importar.

Mais uma vez, cuidado! Antes de ortodoxos ou radicais, carismáticos ou marianos... sejamos católicos e possuidores dos tesouros de Cristo em toda sua plenitude e naquilo que há mais belo nele: a humildade e o serviço. Pensemos em Pentecostes: a Unidade deve nos unir e não segregar...

Deus. Sempre!

Lucas Cavalcante

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Perdoei! E agora?








Nós cristãos, somos sempre motivados a amar e a perdoar o nosso irmão e irmos mais longe: também os inimigos!



Quando nos sentimos ofendidos nem sempre o outro sabe que nos ofendeu. E agora? Devo perdoar, mas quais as consequências? O que vai mudar na minha vida e na vida do outro?



Perdoar é sempre uma opção, porém não é o fim da nossa ação. Na realidade, penso que perdoar é um processo que se inicia com a decisão... Parece-me verdadeiro que perdoar seja questão de bom senso. Se não perdôo, nada muda na vida do outro. Se eu perdôo eu mudo!



Se você já se sentiu magoado, ferido, traído ou algo parecido, penso também que já pensou em perdoar e que esta decisão não foi fácil. Perdoar não significa simplesmente tocar a vida pra frente, relembrar oportunamente e jogar na cara do perdoado que fomos virtuosos em aceitar aquela pessoa de volta em nossas vidas.



Pensemos em Jesus, que já na cruz diz para que Pai perdoasse, pois eles não sabiam o que faziam... Aquela decisão de ir à cruz significou que Jesus até hoje está pronto para nos perdoar a qualquer momento: e nos deu o Sacramento da confissão!






Perdoar de verdade significa ser como Jesus Cristo e esquecer o mal sofrido. É a decisão diária de reescrever a história sem ressentimentos, sem o desejo de revidar ou ainda querer demonstrar-se melhor que o outro. Perdoar é uma grande virtude. E perdoar de verdade é uma virtude para poucos.



Quem perdoa cresce, ajuda o outro a crescer e ainda faz a feliz opção pela felicidade sem olhar para o passado para construir o futuro.

Lucas Cavalcante
04/11/2013

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Você é um cristão mimado?







Antes de continuar escrevendo desejo explicar uma coisa: todos os textos postados aqui partem de uma reflexão, e antes de tudo, de uma auto-reflexão. Minhas experiências de vida são as minhas mais valiosas motivações para escrever e buscar partilhar.



Você pode estar pensando: “como seria um cristão mimado?”. Geralmente, entendemos o adjetivo mimado como algo ruim. É uma criança que chora ao não ver seus caprichos atendidos, um adolescente que está sempre “na barra da saia dos pais” ou um adulto que quer ver sempre as suas vontades realizadas. Não gostamos de pessoas mimadas.



Pessoas mimadas agem como se fossem o centro de tudo. Suas vontades e planos, não sabem ouvir “não” e são intolerantes aos seus fracassos. Não sabe lidar nem dividir espaço com o outro.



E de quem é a culpa? Muitas vezes os pais, no desejo de cercar de seguranças a sua cria não enxergam que seus filhos são criados para viverem sozinhos. Portanto, experiências desagradáveis acontecerão (e são necessárias) para o crescimento e o polimento de uma personalidade, jeito de ser, subjetividade, caráter. É um marido que, com medo de perder, não consegue se impor ao ver toda a sua singularidade invadida. Enfim, a toda hora criamos pequenos monstrinhos sob a desculpa do cuidado.



Falemos agora dessas pessoas dentro na religião: quando a perspectiva cristã nos revela e motiva a viver para o outro, ser mimado pode ser um problema. Como a minha visão para a necessidade do meu próximo, do pobre, do necessitado será uma visão sem interesses? Como serei capaz de servir sendo que só aprendi que devo fazer a coisas esperando algo em troca? Difícil conciliar os mimos com a prática cristã: amarei ao próximo como a mim mesmo? O Amor encontrará espaço no meu coração egoísta?



Não raro encontrarmos à nossa volta pessoas mimadas (eu pessoalmente já passei por isso, e nem sempre eu era a vítima) que condicionam a sua vida na Igreja baseados em seus interesses pessoais e terceirizados: “só vou rezar depois dos estudos”, “preciso de Deus, mas também preciso de um bom emprego”, “Hoje eu tenho prova, não poderei ir...”, “Hoje não deu, tive uma festa e não consegui acordar” ou os que só participam daquilo ao entender que irá se beneficiar ou ser o centro das atenções como se a Igreja ou as pastorais fossem ambientes de autopromoção. É um cristão que olha para a cruz, mas já não vê que ali não houve “porém” ou “talvez”. Que não foi morno mas sim capaz de se entregar totalmente sem olhar para trás ou para um futuro de consequências e prejuízos: Jesus ainda é ignorado.





Que bom que sempre é tempo de voltar! A dinâmica cristã é cheia de possibilidades e torna possível a volta e o recomeço assim como o filho pródigo: “vi que era ruim e estou voltando...”. Tentemos ser católicos, cristãos e voltados para o outro, sem egoísmos. É necessário, para nós e para os outros, que tenhamos consciência do nosso verdadeiro papel neste mundo mesmo que seja necessário que voltemos ao amor primeiro e católico para “se converter novamente”. 

Vale a pena e eu quero...

Lucas Cavalcante
24/10/2013